terça-feira, 25 de julho de 2017

Estudante montes-clarense é alvo de operação nacional contra pedofilia


Materiais apreendidos/ Mauro Miranda


A Polícia Federal de Montes Claros cumpriu, na manhã desta terça-feira (25), um mandado de busca e apreensão na casa de um estudante universitário, de 25 anos. Ele é acusado de fazer parte de uma rede de pedofilia que usa um site russo para enviar, receber e arquivar fotos de exploração sexual de crianças e adolescentes.
Na casa do estudante do curso de Engenharia Florestal da UFMG, foi apreendido celular, hd externo,  pendrives e notebooks, que irão ser periciados. 
O rapaz foi intimado e deve prestar depoimento, na tarde desta terça, na sede da Polícia Federal.
A operação
Logo pela manhã 350 policiais federais já estavam nas ruas para cumprir a segunda fase da Operação Glasnost, que tem como objetivo investigar casos de exploração sexual de crianças e o compartilhamento de pornografia infantil. A ação foi realizada em 14 Estados e 51 cidades. 
Segundo do delegado da PF de Montes Claros, Pedro Dias, a primeira fase da operação foi realizada em 2013.
“É uma continuidade da operação realizada anos antes, o nome da operação é Glasnost, porque era utilizado um site russo para compartilhamento do material pornográfico e ela é um desdobramento porque na primeira fase foi descoberto o site, mas apesar de terem sido presas várias pessoas, esse site continuou sendo utilizado”, completa.
Investigação
A investigação iniciou com o monitoramento do site russo utilizado como “ponto de encontro” de pedófilos de todo o mundo. 
“Foi identificado desde quem abusava, produzia vídeos, compartilhava vídeos e quem os tinha em posse, os guardava, já que todas essas condutas configuram o crime”, explicou o delegado.
Moeda de troca
Os criminosos tinham as fotos e vídeos das crianças e adolescentes como moeda de troca entre ele, onde um repassa um conteúdo para o outro se ele também recebesse algo diferente.
Além disso, o site oferece aos criminosos uma forma de guardar os arquivos, a maioria dos acusados na operação tem um álbum de fotos armazenado no site.
Operação adiantada
A investigação chegou a casos absurdos que não podiam esperar, as crianças pediam por socorro.
“Em alguns casos a operação teve que ser adiantada, por que foi identificada que as pessoas abusavam de crianças”, contou o delegado.
Para a realização da operação a Polícia Federal contou a parceria da Polícia Internacional para conseguir fazer o cruzamento de dados necessários.
Polícia informada
O mundo da internet ainda é algo novo e leva grande parte dos internautas acreditarem que não estão sendo vigiados e que nada irá acontecer com eles, mas estão enganados e a polícia logo chega a quem deve.
“Em casos como este, no primeiro momento normalmente temos a prisão de uma pessoa e a partir dela temos a identificação das outras pessoas com ela tem contato, mas existe outra forma que é a combinação binária que todo arquivo tem e as empresas que oferecem a plataforma para acesso a internet, informam aos órgãos voltados ao combate de pedofilia, que houve o compartilhamento de arquivo contendo pedofilia”, explicou o delegado.
A polícia chegou até o jovem de 25 anos exatamente após prender um pedófilo em 2013 na primeira fase da operação.
“Foi pesquisado os contatos do homem e entre eles estava o rapaz que foi preso”, explicou o delegado.
Montes-clarense
O estudante de Montes Claros, que não tem passagens pela polícia, não só recebia conteúdo de abuso sexual conta crianças, mas também compartilhava e tinha ainda cadastro no site russo, onde as conversas entre os criminosos são feitas em inglês, mostrando que o jovem de 25 anos não é desinformado.
No momento em que os policiais chegaram até a casa dele, no centro da cidade, o rapaz estava com o pai e não demonstrou nenhum nervosismo, agiu naturalmente.
“Ele confessou ter recebido e enviado o material por e-mail, mas alega que desconhece que a conduta é crime”, contou o delegado.
O jovem recebeu o material de uma pessoa e compartilhou as fotos de crianças com outra, nenhum desses dois homens são de Montes Claros e as crianças não foram identificadas já que em algumas imagens aparecia somente a genitália da vítima e do estuprador.
“Nós já sabemos que ele recebeu e compartilhou, o que pode vir a ser identificado dentro do material apreendido arquivos, fotos e/ou vídeos de crianças e adolescentes”, disse o delegado.
Idades
O delegado destacou que dentro da operação foram realizadas diversas prisões de pessoas das mais variadas idades.
“Foram presos professores, médico, de quem tinha 18 até quem tinha mais de 80 e até mesmo pais”, contou o delegado.
Estados
Os Estados alvos da operação são: Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Ceará, Pernambuco, Bahia, Maranhão, Piauí, Pará e Sergipe.
Entre as cidades mineiras estão não só Montes Claros, como também Belo Horizonte, Juiz de Fora e Uberlândia.
A PF conseguiu identificar centenas de usuários entre brasileiros e estrangeiros que compartilhavam pornografia infantil na internet, deixando de serem usuários para serem criminosos.
Pedofilia
É comum ver nas redes sociais casos de quem compartilha material de abuso sexual dizendo que está indignado e pede às pessoas que também compartilhem para chegar ao agressor, mas isso também é crime.
“O compartilhamento não deve ser feito sobre nenhuma hipótese, não faça este tipo de compartilhamento, o simples compartilhamento configura o crime. Às vezes as pessoas acham que pedofilia é somente o abuso, mas têm quem abusa quem grava, quem tira foto, quem compartilha e quem tem emposse, todas essas condutas são crimes”, explicou o delegado.
As penas para cada um é diferente já que algumas delas são “piores” que outras, mas não deixam de colaborar com o crime.
“O abuso sexual propriamente a pena é de 15 anos, a produção de fotos e/ou vídeos, com pena máxima de oito anos, tem aquele que compartilha e tem pena máxima de seis anos e quem tem a posse deste tipo de arquivo a pena é de quatro anos”, explicou o delegado.
Orientação
A orientação da polícia para quem recebe conteúdos de abuso sexual é que denuncie e apague o arquivo.
“Caso qualquer pessoa receba este tipo de arquivo, ele deve apagar imediatamente, mas claro, caso queira denuncia, pode procurar a polícia e indicar a partir de qual contato recebeu e ajudar a polícia”, pede o delegado.
De acordo com a Polícia Federal, o universitário se cadastrou no site e compartilhou material de pedofilia com outros integrantes. "Os arquivos eram fotografias de crianças. Ele confessou que de fato houve o compartilhamento, mas disse desconhecer que essa conduta fosse crime", explica o delegado Pedro Dias dos Santos. 
O delegado esclarece que a pena máxima para quem compartilha material de pedofilia é de seis anos. "O compartilhamento não deve ser feito. A orientação é que caso qualquer pessoa receba arquivo dessa natureza, deve apagar imediatamente. Caso queira denunciar quem enviou, pode procurar a polícia e indicar a partir de qual contato recebeu o arquivo", afirma.
Operação Glasnost
A ação cumpre mandados em 51 cidades de 14 estados brasileiros. Foram expedidos três mandados de prisão preventiva, 72 de busca e apreensão e dois de condução coercitiva, que é quando a pessoa é levada para prestar depoimento.
Os investigados produziam e armazenavam fotos e vídeos de crianças, adolescentes e até mesmo de bebês com poucos meses de vida, muitos deles sendo abusados sexualmente por adultos, e as enviavam para contatos no Brasil e no exterior.



http://webterra.com.br/noticia/11768/estudante-montes-clarense-e-alvo-de-operacao-nacional-contra-pedofilia

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